quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Macacos ameaçados de extinção

Macaco-prego-galego e guigó-da-caatinga, duas das espécies endêmicas do País, entraram na lista de primatas que correm mais risco em todo o mundo

BRASÍLIA - O macaco-prego-galego e o guigó-da-caatinga, duas das espécies endêmicas de primatas do Brasil, foram incluídos na lista dos 25 animais mais ameaçados do mundo. A relação é elaborada a cada dois anos pelo Grupo Especialista em Primatas da União Internacional (IUCN) para a Conservação da Natureza e tem o objetivo de atrair ações de pesquisa e conservação, aumentando os esforços de preservação dessas espécies.

A inclusão é resultado das articulações feitas pela delegação brasileira, liderada pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros (CPB), durante o 23º Congresso Internacional de Primatologia, realizado entre 12 e 18 de setembro passado, na Universidade de Kyoto, no Japão.

O Cebus flavius, o macaco-prego-galego, foi incluído na lista devido à sua recente redescoberta e ao escasso conhecimento disponível sobre suas diminutas populações confirmadas na Mata Atlântica nordestina. Essa espécie foi considerada criticamente em perigo.

Já o guigó-da-caatinga (Callicebus barbarabrownae) é o único primata endêmico desse bioma, que, por sua vez, sofre acelerada degradação, inclusive com áreas em processo de desertificação. Nesse cenário, o guigó sobrevive em raros remanescentes de caatinga arbórea, sendo considerado criticamente em perigo tanto na lista da IUCN quanto na avaliação do Ministério do Meio Ambiente.

No Brasil, há 104 espécies de primatas, o correspondente a um terço da diversidade desse grupo de mamíferos conhecida no mundo.

O CPB desenvolve pesquisas e ações de manejo com foco nessas duas espécies e espera que, incluídas na lista mundial, elas possam servir como espécies-bandeira, alertando para a situação de toda a biodiversidade na Mata Atlântica nordestina e na caatinga.

Durante o congresso, do qual o CPB participou pela primeira vez, o chefe da entidade, Leandro Jerusalinsky, coordenou a sessão sobre conservação de primatas neotropicais, na qual apresentou a análise: Planejamento Estratégico para a Conservação de Primatas Brasileiros: Avanços e Prioridades.

Nela, foram ressaltados os esforços do ICMBio no sentido de ampliar a aplicação de ferramentas para a conservação de espécies, tais como as listas de táxons ameaçados, planos de ação e modelagens espaciais e populacionais.

Leandro também integrou o simpósio sobre primatas em fragmentos, apresentando o trabalho Vivendo no limite: fragmentação de hábitats na interface da zona semi-árida do nordeste brasileiro, com destaque para os resultados dos estudos sobre a distribuição de Callicebus barbarabrownae e Callicebus coimbrai, que fazem parte dos esforços de pesquisa e conservação do Projeto Guigó, desenvolvido em parceira com a Universidade Federal de Sergipe e a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Sergipe.

Integraram a delegação brasileira que participou do congresso principalmente professores e estudantes de universidades como Unifesp, UFG, UFRN, USP, UnB, PUCRS e organizações não-governamentais como WCS, Pró-Muriqui, CECO.

Fonte: JORNAL DO COMMERCIO - PE

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