terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Macaco Muriqui funciona como um “guarda-chuva” de temas para o aprendizado nas escolas brasileiras


Espécie traz à tona conteúdos sociais, históricos, geográficos, ambientais, entre outros.

O Instituto Supereco – referência em educação ambiental pela sustentabilidade - tem contribuído, ao longo de uma década e meia, para a formação, capacitação e sensibilização de professores e alunos na inclusão da educação ambiental transversal em diversas instituições de ensino do país.

Desde 1997, só no ensino formal mais de 400 mil alunos foram beneficiados pelos programas de educação ambiental e mais de seis mil multiplicadores foram capacitados até o momento. Dentre as atividades de sensibilização desenvolvidas nas escolas está a dinâmica “Salve com abraço – cooperando com os muriquis” – inspirada no comportamento solidário do macaco muriqui. O mono carvoeiro, como também é conhecido, é o maior primata das Américas, exclusivamente brasileiro e acaba de se tormar forte candidato a mascote dos Jogos Olímpicos de 2016.  Além de abordar a importância da preservação do muriqui, a atividade promove a afetividade e a união entre as pessoas por um mesmo objetivo e a importância do verdadeiro abraço por uma causa. “Os resultados são tão expressivos que até mesmo a questão do bullying nas escolas se torna motivo de reflexão nos locais de aplicação”, afirma a coordenadora geral da Ong, Andrée de Ridder Vieira.

No ano passado, o Instituto lançou a campanha “Salve com Abraço” em parceria com a Associação Pró-Muriqui, com o objetivo de unir a pesquisa, a conservação, a educação e a  mobilização social para preservar o macaco muriqui-do-sul (Brachyteles arachnoides), criticamente em Perigo de extinção, pois só existe na Mata Atlântica do Brasil. Muito pacífico, o muriqui, ou mono carvoeiro, quando ameaçado sobrevive pela cooperação, abraçando-se uns aos outros como “cachos de macacos” na floresta.

A proposta educativa da campanha, atendendo a Meta 8 do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Muriquis (ICMBIO, 2009)  é integrar ao curriculo escolar a temática do Muriqui como “plantador de florestas” e “protetor das águas” pela recomposição das matas ciliares, de forma transversal, no maior número instituições de ensino da Mata Atlântica. Segundo os educadores, essa espécie brasileira, sua distribuição geográfica, sua ameaça pela devastação da Mata Atlântica em razão dos ciclos econômicos, sua alimentação particular e, em especial, seu comportamento afetivo e solidário forma um guarda-chuva de oportunidades e conteúdos das disciplinas do currículo brasileiro.

No Colégio Guilherme Dumont Villares (GDV), os professores da instituição de ensino refletiram todo o potencial que o muriqui representa para a educação ambiental. Em encontro de monitoramento das atividades foi possível descobrir que o muriqui virou tema para as primeiras letras na alfabetização no Educação Infantil, exemplo para situações-problema na Matemática, motivo para criações artísticas e, especialmente, a criação de livros de autoria dos alunos comparando a vida de um muriqui com a vida da própria criança. Tais obras foram escritas, ilustradas, autografadas e lidas para seus pais na Feira de Ciências, realizada no mês de outubro."Apesar da aplicação de conteúdos variados após a formação, ficou claro que o muriqui tem potencial diferenciado para despertar o interesse dos mais jovens, principalmente pela afetividade expressa no hábito de se abraçarem", conta a professora Grazieli, do 1o ano do ensino básico, que introduziu uma atividade de comparação entre o comportamento do muriqui e as relações humanas.

O Programa Rigesa de Educação Ambiental - financiado pela MWV Rigesa, uma das empresas líderes no segmento de embalagens, também é um exemplo de projeto voltado ao ensino formal e tem o muriqui como espécie bandeira, cujo objetivo é oferecer formação e materiais de apoio pedagógico a professores do 5º. e 6º anos do Ensino Fundamental  (antiga quarta e quinta série) das redes municipal, estadual e privada de ensino. A exemplo disso, a educadora Fernanda Turella Fais, da EMEF Tomoharu Kimbara - escola rural do município de Valinhos - SP, desenvolveu um projeto em sala de aula sobre a mata atlântica e o muriqui com o objetivo de incentivar a preservação ambiental e promover vínculos de amizade e amor. As crianças produziram um muriqui de pelúcia e levaram para as suas casas a fim de apresentar a história da espécie aos seus pais, que posteriormente escreviam uma carta à escola contando a experiência.

As estratégias de planejamento do Instituto Supereco percorrem um circuito de mapeamento e diagnóstico do local, definição e aplicação de metodologias adequadas aos públicos atendidos pelos projetos, temas geradores, comunicação e materiais de apoio, capacitação de multiplicadores, sistema de monitoramento e avaliação - sempre com o envolvimento e a participação da comunidade local e dos parceiros.


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